MENU

Um acidente após o outro. Petroleiros e meio ambiente em risco

Publicado: 03 Abril, 2012 - 00h00

Escrito por: CUT BA

Enquanto gestores acumulam em seus gabinetes avaliaes e estudos que quase nunca saem do papel, trabalhadores das reas operacionais perdem vidas, adoecem e so mutilados

Escrito por: Imprensa da FUP

Nas ltimas semanas, a FUP noticiou uma srie de situaes que tm colocado ainda mais em risco os trabalhadores das unidades do Sistema Petrobrs, assim como as comunidades vizinhas e o meio ambiente. Acidentes e incidentes praticamente dirios nas refinarias, plataformas e terminais; reduo dos efetivos; cortes de custos no Abastecimento; descumprimento das normas de segurana; desmantelamento das brigadas de incndio; subnotificao de acidentes, entres outros absurdos que a FUP e seus sindicatos constantemente denunciam. Enquanto os gestores da empresa acumulam em seus gabinetes avaliaes e estudos que quase nunca saem do papel, os trabalhadores das reas operacionais perdem vidas, adoecem e so mutilados.
 
24/03/2012 - Morte na Refinaria Abreu e Lima
No ltimo dia 24, o vigilante Almir da Silva Marques, 34 anos, morreu ao ser atropelado dentro da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, junto com um colega, que, por sorte, sobreviveu ao acidente. Almir iria se casar nos prximos dois meses. Sua morte chocou e revoltou os demais trabalhadores que atuam nas obras da refinaria, onde, segundo o Sindipetro-PE/PB, ocorrem em mdia cinco acidentes por semana.
 
Antes mesmo de comear a produzir, a refinaria j levou morte dois trabalhadores nos ltimos dois anos. Em setembro de 2010, o eletricista Milton Jos da Silva, 51 anos, perdeu a vida durante um acidente na refinaria, quando sofreu uma descarga eltrica violenta e caiu de uma altura de 12 metros. Acidentes que poderiam ter sido evitados se a Petrobrs desse a devida importncia s denncias do sindicato, que tem constantemente criticado as pssimas condies de trabalho.
 
25/03/2012 - Fogo na Fafen-BA e contaminao de gs na P-43
Na Fafen-BA, o caldeireiro Manuel Dias Lima, da Nipon, sofreu queimaduras de segundo grau nas costas, pescoo e braos, quando trabalhava na parada de manuteno da unidade de amnia no ltimo dia 25. Houve vazamento de hidrognio, que, em contato com o ar, gerou fogo e atingiu o trabalhador. Nesse mesmo dia, quatro petroleiros da plataforma P-43, na Bacia de Campos, foram contaminados durante o vazamento de um produto qumico utilizado para capturar H2S (cido sulftrico, tambm conhecido como gs da morte). Os trabalhadores tiveram que ser desembarcados e foram transferidos para o hospital de Maca, com enjoos, ardor nos olhos e irritao em mucosas.
 
26/03/2012 - Vazamento na Replan
Um trabalhador da empresa Niplan teve o rosto e o brao direito gravemente queimados, ao ser atingido por um jato de leo quente, durante um vazamento na unidade de destilao da Replan. O acidente foi no dia 26 e como o trabalhador estava com culos de proteo, felizmente, no teve os olhos atingidos. Apesar da gravidade do acidente, a chefia da unidade no acionou o alarme de emergncia, nem o resgate para socorrer a vtima, que teve de ir andando at o ambulatrio, ajudada pelos companheiros de trabalho. O trabalhador foi encaminhado ao Hospital de Queimados, em Limeira (SP).
 
28/03/2012 - Interdio no Terminal de Suape
Fiscais do Ministrio do Trabalho interditaram no dia 28 as instalaes de anlise de GLP do laboratrio do Terminal de Suape (PE), onde no dia 08 de maro a tcnica qumica, Maria Jos Dias dos Santos, sofreu um grave acidente e teve 31,5% do corpo atingidos por queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus. Todos os equipamentos de anlise de GLP foram interditados e os fiscais deram prazo at o dia 10 de abril para que a Transpetro cumpra as normas regulamentadoras das atividades em laboratrio. Em funo da interdio, a transferncia de GLP do terminal para as empresas distribuidoras est suspensa.
 
"SMS autoritrio e subordinado s metas operacionais"
Durante o Congresso de SMES realizado pela Petrobrs nos dias 27, 28 e 29 no Rio de Janeiro, o coordenador da FUP, Joo Antnio de Moraes, tornou a cobrar que a sade e segurana dos trabalhadores estejam acima das metas de produo. Pela primeira vez, as representaes sindicais participaram do seminrio, que realizado pela empresa h trs anos, mas ouvia somente os gerentes, tcnicos e especialistas convidados. Ao todo, mais de 60 militantes sindicais participaram do evento, comprovando que as questes de SMS so prioridade da categoria.
 
 "A poltica de SMS da Petrobrs autoritria e subordinada s metas operacionais", ressaltou Moraes, ao dividir uma das mesas de debate com o gerente executivo do setor, Ricardo Azevedo. Ele criticou os gestores da empresa por no admitirem vises diferentes e tratarem como problema os conflitos que so inerentes relao capital x trabalho. "Acidentes como o da P-36, BP e Chevron poderiam ter sido evitados se os trabalhadores e os sindicatos tivessem voz ativa na definio das polticas de SMS", declarou o coordenador da FUP.