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Trabalhadores invisibilizados garantem o isolamento social da população

Trabalhadores que se arriscam para garantirem o seu isolamento social e não recebem palmas. É o relato no artigo da Secretária da Juventude da CUT/BA, Iana Aguiar com a colaboração de Ana Jéssica, Enegrecer/CE

Publicado: 26 Março, 2020 - 11h19 | Última modificação: 26 Março, 2020 - 13h30

Escrito por: Secretaria de Juventude

Tiago Queiroz/Estadão
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Entregadores de pedidos por aplicativo garantem o isolamento social

Trabalhadores que se arriscam para garantirem o seu isolamento social e não recebem palmas

Existe um segmento de trabalhadores e trabalhadoras que, mesmo em meio a essa pandemia e as orientações de isolamento social, continuam correndo risco e os seus "parceiros" (como preferem ser chamados) não estão nem um pouco preocupados com a saúde destes. Contamos ou já adivinharam?

Poderíamos estar falando dos agentes de segurança que estão na ativa para garantir a ordem e a "segurança" nesse período. Poderíamos também tratar das e dos profissionais da saúde que tem sido guerreiros e guerreiras durante a pandemia que enfrentamos e que se mantém na ativa cotidianamente mesmo tendo suas férias e licenças revogadas. Mas, esses já possuem visibilidade, palmas (merecidas).

Ainda em 2019 vivenciamos um alto crescimento  do trabalho informal no nosso país. A indústria 4.0 e o modelo econômico neoliberal transformou a relação de trabalho as e os trabalhadores passaram a ser parceiros e parceiras de empresas que vendem uma logo, uma marca. Assim o número de pessoas que se viram sem oportunidades no mercado formal e muitos sem esperança de melhorias devido a reforma trabalhista que retirou direitos fundamentais e históricos da classe trabalhadora optaram garantir a sua renda por meio da prestação de serviços a empresas de aplicativos.

Sim! Nesse contexto, estamos falando das e dos entregadores de comidas/ lanches/ itens de mercado e/ou farmácias, que hoje somam mais de 4 milhões de trabalhadores, esses que têm contato direto com um número gigantesco de pessoas cotidianamente e infelizmente não podem realizar o chamado isolamento social que tem sido orientado pelos órgãos de saúde em todo o país.

Estes, que nesse período tem a demanda de trabalho triplicada, não tem vínculo formal empregatício e portanto não possuem nenhum direito trabalhista, não existe nenhuma medida que falem ou amparem esse segmento de trabalho. Enquanto isso, os seus "parceiros", estão fazendo publicidade para as pessoas se manterem em casa e pedirem o que precisarem pelo aplicativo que alguém (que precisa quebrar a orientação do isolamento social, para manter sua renda) vai entregar.

Para além do aumento da jornada de trabalho e do contato diário com diversão pessoas, estes trabalhadores lidam com suas atividades sem luvas, sem máscaras, sem álcool em gel, sem solidariedade, sem direitos ou garantias, e apenas com a necessidade da renda saem todos os dias de suas casas para as ruas entendendo que sem esse esforço a sua família não consegue se manter.

Para esses mais de 4 milhões, não existe a possibilidade de isolamento social.

Quando essas empresas serão responsabilizadas pela vida desses homens e mulheres, majoritariamente negros e jovens?

Quando o governo adotará medidas que de fato proteja os trabalhadores e as trabalhadoras na informalidade?

Não sugerimos que palmas sejam batidas para esses trabalhadores. A exigência é que o governo trate a população com seriedade, que em vez de defender interesses de empresários, olhe para a realidade da classe trabalhadora brasileira (empregada e desempregada, na formalidade ou na informalidade) e atenda suas demandas concretas.

Se o presidente eleito a partir de fakenews não tem condições de governar para o povo, a presidência não é o seu lugar!

#ForaBolsonaro

 

Por

Iana Aguia
Secretária de Juventude da CUT Bahia

Ana Jéssica Nascimento
Militante da kizomba e do Enegrecer do Ceará