O machismo e a misogenia no Brasil culminam no estupro de uma mulher a cada 11 minutos
Nos últimos dias o Brasil presenciou dois casos graves de violência contra mulheres, no Rio de Janeiro e no Piauí,onde as vítimas foram encurraladas por mais de 30 e por cinco homens, respectivamente.
Publicado: 31 Maio, 2016 - 15h28
Escrito por: FENTECT
Nos últimos dias o Brasil presenciou dois casos graves de violência contra mulheres, no Rio de Janeiro e no Piauí, onde as vítimas foram encurraladas por mais de 30 e por cinco homens, respectivamente. No Rio, a divulgação do vídeo nas redes sociais acendeu o alerta em relação à vulnerabilidade em que vivem as brasileiras. De maneira silenciosa e, muitas vezes, envolta em sentimentos de culpa e vergonha, o quantitativo de violência sexual cresce assustadoramente.
Parece absurdo que ainda nestes tempos, tenhamos que vivenciar esse tipo de fatalidade. O SINCOTELBA, FENTECT, assim como muitos cidadãos brasileiros, presta solidaderiedade e repudia todo e qualquer ato de exploração e assédio sexual contra as companheiras ecetistas e todas as mães, filhas, irmãs, companheiras, amigas etc.
É preciso dar um fim à cultura do estupro implantada na sociedade brasileira pelo machismo e perpetuada por todos os séculos. No país, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, porém, apenas 30% a 35% dos casos são notificados. Ou seja, é possível que o número seja ainda mais horripilante, com um estupro a cada minuto.
A análise na Nota técnica do IPEA e FBSP nos dá a dimensão do quanto a situação é tenebrosa no Brasil (acesse em:http://www.forumseguranca.org.br/storage/download//atlas_da_violencia_2016_ipea_e_fbsp.pdf). No arquivo, é possível descobrir que 13 mulheres são assassinadas, por dia, no Brasil. Apenas em 2014, 4.757 mulheres foram vítimas de mortes por agressão.
Nem mesmo as Leis 11.340 de 2006 - mais conhecida como Lei Maria da Penha - ou mesmo a Lei 13.104, de 9 de março de 2015 - que tornou o feminicídio crime hediondo - conseguiu reduzir os números de violência contra a mulher, pois entre 2004 e 2014 houve um crescimento de 11,6% na taxa de homicídios entre esse gênero. Embora as leis sejam um avanço, é preciso implementar eficazmente as políticas públicas de prevenção.
Nesse mesmo período, a média nacional da taxa de mortalidade por homicídio era de 4,6. No entanto, 18 dos 26 estados apresentavam dados com médias elevadas. Em Roraima, assustadoramente, a taxa se mantinha em 9,5.
Quase 10 anos após a promulgação da lei Maria da Penha, lamentavelmente, não é possível proteger quem representa a maior parcela da população brasileira, ou seja, mesmo as mulheres em maior número, os dados sócioeconômicos do Brasil continuam em desvantagem para essas.
A federação destaca que é hora dos homens, trabalhadores dos Correios, darem apoio à mulheres dentro e fora da empresa, bem como as próprias trabalhadoras. É necessário deixar de ensinar a "como não ser estuprada" para ensinar "a não estuprar". Para não fazer parte dos 33 estupradores e os demais que se calaram e abusaram da menina de 16 anos, é importante não impedir que elas tenham direitos iguais, a começar pelo ir e vir.
Vale ressaltar que, enquanto prevalecer a cultura machista e misógina na sociedade, lamentavelmente, serão entoadas justificativas na tentativa de culpabilizar e responsabilizar as vítimas pela violência sofrida. O repertório alterna-se sobre a maneira de se vestir, frequentar determinados locais e manter relações com qualquer pessoa ou, ainda, o uso de substâncias ilegais.
Lamentamos todos os fatos, mesmo os não divulgados, e está à disposição para denunciar e lutar pelo segmento feminino da categoria. Todas as mulheres são fundamentais para o desenvolvimento e o sucesso da luta.