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NOTA DE REPÚDIO: CENAS DE TORTURA EM SALVADOR

Funcionários em loja no centro de Salvador denunciam atos de tortura praticado por dono do estabelecimento

Publicado: 29 Agosto, 2022 - 06h22

Escrito por: CUT BAHIA | Editado por: ASCOM - CUT BAHIA

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Funcionários recebem "pauladas" por suspeita de furto

A CUT Bahia repudia severamente as cenas de truculência e horror vivenciadas em uma loja de Salvador, próxima à estação da Lapa, no último sábado de agosto, 19/08/2022, nas quais dois homens negros, jovens e trabalhadores foram torturados e expostos publicamente de forma ultrajante, indigna e cruel.

O acusado da barbárie, o empresário e também pastor evangélico, agiu como um antigo senhor de engenho, marcando as mãos de um dos funcionários com ferro quente, como se faz com os gados e aplicando golpes com uma ripa de madeira nas mãos do outro.

De acordo com o vídeo que circula nas redes sociais, o criminoso fala o seguinte para os funcionários no vídeo:

“mais um ladrão aqui ó pessoal [...] a gente deu moral, confiança, metendo a mão no dinheiro, botei uma isca pra ele, botei R$ 30,00 reais debaixo do balcão, mandei ele limpar e ele ta pagando agora aqui”

Assim é que o empregador dos funcionários, sentiu-se no direito de castigá-los, sem prova do feito, como se tal atitude fosse moral e correta, ainda que tivessem os funcionários o furtado.

A Central Única dos Trabalhadores têm plena consciência que atitudes como essa vêm sendo legitimadas e até mesmo incentivadas por autoridades do alto poder executivo da esfera federal, que desrespeitam a lei, elogiam torturadores e tratam os direitos humanos como coisa de "vagabundo", atentando de forma recorrente contra a população negra, pobre e trabalhadora.

Os dois funcionários procederam a denúncia da situação vivenciada, que agora segue com o Ministério Público do Trabalho, cuja ação, não esperamos que seja menos enérgica e contundente no indiciamento e posterior processos criminais aos quais o empresário em questão faz jus diante de uma conduta que, nos termos da LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997, está sujeita a pena de reclusão de 8 a 12 anos.

Ademais, há de se investigar com rigor que ambiente laboral é esse que se afasta de uma empresa contemporânea e mais se parece com uma senzala colonial, onde todas as formas de horror contra a vida são naturalizadas e amplamente divulgadas, impunemente.

Maria Madalena Firmo
Presidenta da CUT Bahia

Gilene Pinheiro
Secretária de Combate ao Racismo/CUT Bahia