Na Bahia milhares de manifestantes ocuparam as ruas pelo ‘Fora Bolsonaro’
Em Salvador e cidades no interior do estado, foram grandes as manifestações pelo direito à vacina no braço, comida no prato e pelo ‘Fora Bolsonaro’.
Publicado: 20 Junho, 2021 - 01h25
Escrito por: CUT Bahia

No dia em que o Brasil registra mais de 500 mil mortos, vítimas pela COVID-19, o povo ocupou ruas em diversas localidades no estado com pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Os baianos atenderam à convocação para o ato ‘#19J’ e resultou ser maior que o realizado em 29 de maio, ‘#29M’. Representantes dos movimentos sociais e populares, lideranças políticas e sindicais, dentre outros participantes, contribuíram para superar a marca de 10 mil pessoas nas ruas da capital.
A concentração aconteceu começou às 14h no Largo do Campo Grande, Salvador, e seguiu em caminhada até o Farol da Barra, famoso ponto turístico. Palavras de ordens por mais vacina, por comida no prato, pelo auxílio emergencial de 600 reais, contra a reforma administrativa (PEC 32), dentre outras, foram ditas do alto do carro de som. Faixas, cartazes e intervenções artísticas e culturais, mencionavam em tom de critica ao grave cenário politico e econômico enfrentado pelos brasileiros.
Em recente votação no Senado, a Medida Provisória 1031, abre caminho para privatização da Eletrobrás e se avançar em outras instâncias, vai aumentar a tarifa da conta de luz da população. “Estamos nas ruas pelo ‘Fora Bolsonaro’ e contra a agenda neoliberal desse governo que tem entregado empresas públicas à iniciativa privada e deixando o povo numa situação ainda mais de vulnerabilidade quanto à soberania e o direito de acesso aos serviços públicos”, conclui Cristina Brito, Diretora do Sindicato dos Eletricitários da Bahia e Secretária Geral da CUT-BA.
Defender a educação pública também foi pauta ao longo do ato. A Bahia possui inúmeras instituições federais de ensino técnico e superior, tirar Bolsonaro é uma forma de barrar o desmonte do ensino federal. Para Emanuel Lins, presidente do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia, APUB, diz: “quando o povo está nas ruas é sinal que o governo é mais perigoso que o vírus. Por vacina no braço e comida no prato e juntos com sindicatos de outras categorias, vamos promover a justiça social”, conclui.
Entre as diversas bandeiras de luta que foram levadas às ruas, o povo demonstrou que não aguenta mais o governo Bolsonaro. São direitos humanos violados, a história do país indo na contramão da democracia, falta de esperança e ausência de uma politica de estado de que possa dar dignidade à população.
Para Leninha, presidente da CUT-Bahia, “o povo está morrendo, já são mais de meio milhão de mortos por uma doença que tem vacina. Bolsonaro quer matar mais pessoas, quer vender as empresas públicas, quer aumentar o preço do gás, do combustível, etc. Queremos um auxílio emergencial de no mínimo R$ 600,00 e nenhum um dia a mais para esse governo, chega! Fora Bolsonaro”, finaliza.
A Petrobras nasceu na Bahia e próximo de completar 70 anos de existência, o governo federal já vendeu inúmeras bases da empresa ocasionando numa desmobilização do potencial politico, econômico e social que a petrolífera acumula ao longo da sua existência. “Bolsonaro está entregando um dos maiores instrumentos de soberania do seu povo. A Petrobras tem um papel fundamental no fortalecimento econômico do país. Inúmeros postos de trabalho são gerados a partir da sua estrutura. Aqui na Bahia, o estaleiro de São Roque do Paraguaçu, Maragogipe, guarda o ‘Silêncio do descaso’. O local que já gerou mais de 7 mil postos de trabalho, abriga plataformas de Petróleo consumidas pela ação do tempo.”, explica Leonardo Urpia, Vice-presidente da CUT-Ba e diretor do Sindipetro Bahia.
A direção da CUT-Bahia esteve contou com a presença de representantes dos Sindicatos filiados no estado das mais diversas categorias.
No encerramento do ato, manifestantes que ainda se encontravam no local, revezavam no carro de som com mais palavras de protestos.
INTERIOR
Em diversas localidades no interior do estado, foram realizadas manifestações.
Em Feira de Santana, o ato ocorreu nas proximidades da prefeitura seguido de caminhadas pelas ruas da cidade. Bandeiras, faixas e cartazes foram utilizados para denunciar o genocídio do governo de Bolsonaro. Para Francisco Cowboy, Secretário de Direitos Humanos da CUT-BA e diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação, argumenta, “a luta não pode parar. Ontem foi o #29M, hoje #19J e dia 2 de Julho, quando comemoramos a Independência da Bahia, estaremos mobilizados dando nosso grito de liberdade e mais uma vez pelo ‘Fora Bolsonaro’”, conclui.
Em Itamaraju, a chuva não afastou os manifestantes. Organizados em fila, caminharam com faixas e numa delas trazia uma mensagem aos arrependidos pelo voto em Bolsonaro, pedindo que não tivesse vergonha em juntar-se ao movimento pelo ‘Fora Bolsonaro’.
Na cidade de Eunápolis, cruzes na cor preta, foram fixadas em praça pública para homenagear as vítimas do novo coronavírus. Vida, pão, vacina e educação, constavam em faixas.
Ainda pelo Extremo Sul da Bahia, numa das mais importantes cidades na região, Teixeira de Freitas, houve uma grande adesão da população. Sendo a vacina prioritária para todos, os manifestantes trouxeram o debate sobre o retorno às aulas somente após vacinação. Nas localidades que optaram pelo retorno às aulas sem vacina, o número de alunos infectados pelo vírus da COVID-19 aumentou. Por isso da resistência quanto ao retorno às aulas.
Em Porto Seguro, cidade por onde começou a ‘invasão no Brasil’, índios participaram do ato. A região é cercada por tribos indígenas que mantem as tradições dos povos originários do nosso país e estão ameaçados pelo governo federal e sem política pública de proteção efetiva. Triste realidade diante dos últimos acontecimentos envolvendo irregularidades na administração da FUNAI.