Marcha, seminários e shows marcam novembro negro na Bahia
Importantes eventos realizados ao longo do mês da Consciência Negra abordaram a luta antirracista no estado
Publicado: 01 Dezembro, 2022 - 12h47 | Última modificação: 01 Dezembro, 2022 - 16h47
Escrito por: CUT BAHIA | Editado por: ASCOM - CUT BAHIA

No dia da Consciência Negra, 20 de novembro, representates dos movimentos sociais e populares, lideranças políticas, sindicais e parlamentares participaram, em Salvador, da 43ª edição da tradicional Marcha da Consciência Negra, que saiu da Praça do Campo Grande em direção à Praça Castro Alves, com carros de som, bandas percussivas, manifestantes gritando palavras de ordem e levando faixas e cartazes da luta antirracista.
Essa foi uma das agendas de luta no novembro negro, realizada pela direção da CUT-BA, sob a coordenação da Secretaria de Combate ao Racismo. Durante o mês da Consciência Negra, a secretaria organizou diversos encontros para discutir temas que trataram da pauta antirracista na Bahia. Os encontros representativos serviram para reforçar a real necessidade na defesa da população negra na garantia dos seus direitos e na ampliação das políticas públicas.
O Brasil foi o último país na América latina a abolir a escravatura e o resquício desse período são objetos de luta e resistência para diminuição da desigualdade social em especial o combate ao racismo. Na Bahia, há 15 anos foi criada a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, SEPROMI, resultado de inúmeros debates para que o seu funcionamento pudesse contribuir para os temas que envolvem a igualdade racial. A SEPROMO é a única no país em instância de governo estadual.
Este ano, a marcha Zumbi-Dandara homenageou a cozinheira Alaíde Conceição, popularmente conhecida por Alaíde do Feijão, que foi vítima de uma parada cardiorrespiratória após contrair Covid-19 pela segunda vez (Jan/2022).
Alaíde era responsável pelo restaurante que leva seu nome e lá serviu de espaço para estimular a presença de mulheres negras na vida política. Ao término da marcha, aconteceu um ato político-cultural nas intermediações do restaurante e uma singela homenagem foi entregue à família como reconhecimento da sua contribuição na história através da culinária que remonta a ancestralidade do povo negro. Esteve também presente no ato Anatalina Lourenço, Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT: “Vamos continuar mobilizados em contra todo tipo de preconceito. O racismo mata e nossa luta não termina aqui”, destacou Anatalina.
Os preparativos para a marcha acontecem ao longo do ano com debates, roda de conversa, intervenções culturais entre outras ações que servem para atrair pessoas e entidades na construção coletiva do evento.
Este ano, no Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho, uma plenária preparatória foi palco de debate sobre a história de lideranças do povo negro, como Abdias do Nascimento, Zumbi dos Palmares, Dandara, Maria Felipa, entre outras, e suas relações de identidade e resistência à época. Em seguida, um “Sarau” com bandas dos blocos afros e afoxés deu brilho na homenagem à Alaíde do Feijão.
Ativismo
As questões de igualdade racial também foram levantadas no encontro “21 dias de ativismo - Pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, promovido pelas Secretarias Estaduais de Mulheres e de Combate ao Racismo da CUT-BA abordaram a necessidade da participação dos homens quando o assunto é violência contra às mulheres de modo que esse assunto não deva ser normalizado e levado para os centros das discussões.
A companheira, Edenice Santana, representou o Coletivo de Entidades Negras, destacando a importância do assunto em se tratando das mulheres negras: “Muitas mulheres negras são violentadas nas periferias das grandes cidades, afinal, são os negros e negros excluídos e colocados à margem da sociedade. O racismo é estrutural”, conclui Edenice. Jaziam Mota, Secretaria de Mulheres do PT também participou da Roda de Conversa.
Webnário/Seminário
Um webnário debateu sobre “A Igualdade Racial e o Novo Governo Lula” que discutindo a inclusão do povo negro e periférico no orçamento e ações estratégicas para elaboração e implementação de uma politica nacional de reparação para população negra. No encontro virtual, foi destaque a inserção dos pontos: políticas para redução mortalidade negra e periférica; promoção da igualdade de raça e gênero; e ampliação da inserção de povos e comunidades quilombolas no ensino superior, dentre outros.
Show
A Sepromi em parceria com outros órgãos e entidades no estado, levou uma multidão na Concha Acústica que contou com a banda Ilê Aiyê. No evento, Jerônimo Rodrigues, primeiro governador indígena eleito, se fez presente e disse: “A igualdade racial é uma caminhada que se constrói a cada dia. Eu tenho certeza que, assim como fizemos com a Independência, a Bahia continuará contribuindo para fortalecer e possibilitar que o Brasil entenda o nosso lugar, o lugar do povo preto”.
BALANÇO
O novembro negro é sempre um período onde as pautas que convergem com a luta antirracista se encontram por conta do Dia da Consciência Negra. Ainda há muito que se fazer, pois a exemplo, em Salvador, a cidade com a população em sua maioria negra, a data ainda não é considerado como um feriado.
Para Gilene Pinheiro, Secretaria de Combate ao Racismo da CUT-BA, reforça que o período requer atenção especial para todas as pautas que foram levantadas ao longo do mês sejam tratadas organicamente todos os meses, a exemplo a Lei de Cotas que completa 20 anos, e que ainda não entregou à população negra um patamar mínimo de reparação desejável.
“Foram 30 dias de agenda intensa e destacamos as principais. Não faltou esforço da nossa secretaria para trabalhar o tema junto à sociedade, esse é o nosso papel. A classe trabalhadora está de parabéns e vamos seguir com muita luta e resistência com Lula na presidência do Brasil Jerônimo Rodrigues, aqui no estado, ambos tem olhar diferenciado para a inclusão do povo negro nas políticas públicas”, sinaliza Gilene.
