Dilma recebe título de cidadã baiana e diz que o golpe é para destruir conquistas dos últimos 13 anos

Fotos: FBP/BA

 Sob intensos aplausos de um plenário lotado, e gritos de “Volta  querida” e “Dilma, guerreira”, a presidente afastada Dilma Rousseff  recebeu o título de cidadã baiana em cerimônia realizada na  Assembleia Legislativa da Bahia nesta quinta (16). Ao agradecer a  honraria, ela disse que “a Bahia é uma terra que tem tradição de luta  pela soberania do país", numa referência ao 2 de Julho, data que  marca a Independência da Bahia e das lutas pela consolidação da  independência do Brasil.

 Dilma recebeu um banho de pipocas ao entrar no plenário da  Assembleia, além de uma maquete de cisterna, numa homenagem  das mulheres do sertão baiano pela construção de mais de um  milhão de cisternas no interior do estado. Do lado de fora da  Assembleia, ela discursou para centenas de pessoas que gritavam  “Fora Temer” e aproveitou para fazer duras críticas ao governo  provisório e golpista. "Nos hoje estamos todos, dona de casa, o  trabalhador, estudante, professor, homem e mulheres preocupados com o destino do país. E algumas coisas nós temos certeza, é impossível um governo ilegítimo, usurpador, construir um caminho para sair da crise. O que eles mais querem é desfazer as conquistas que nós construímos com dificuldades nos últimos 13 anos com vocês".

Sempre ao lado do governador Rui Costa e do ex-ministro Jaques Wagner, Dilma falou das conquistas para as minorias, para os pobres, negros e mulheres, e destacou que o machismo foi uma das razões para o impeachment. "Nós mulheres temos a obrigação de lutar pelos nossos direitos, lutar contra a violência que recai sobre nós. Não é possível que a gente não considere que esse golpe tem um componente machista. Para eles, mulher ou é nervosa ou dura. Eles acham que mulher tem sempre que ser coitadinha. Nós não somos. Eles também precisam de nós".

Ela usou da metáfora da árvore para diferenciar este golpe do de 1964, citando que a democracia é a árvore e o golpe militar o machado que a destrói. Criticou os cortes do governo provisório nos programas do Bolsa Família, no Minha Casa Minha Vida e no Mais Médicos, além das mudanças no projeto de exploração do pré-sal.

Ela citou em número alguns benefícios que vários programas federais trouxeram para a Bahia, lembrando que 5,9 mil baianos contam com atendimento básico de saúde, 590 alunos estudam Medicina em sete municípios baianos, 250 mil jovens tiveram acesso à universidade e às 21 escolas técnicas criadas por seu governo e o do ex-presidente Lula. “Ontem tivemos o envio de proposta ao Congresso que reduz os investimentos mínimos obrigatórios em Saúde e Educação. Não há nenhuma justificativa, sequer razão, para reduzir justamente Saúde e Educação em um país como o Brasil. Sabemos que todo esse programa levado a cabo pelo governo golpista e provisório não passaria pelas urnas desse país. Ninguém votaria nisso, na redução do Pré-sal, na redução de toda a cadeia de petróleo e gás, elo fato de que isso comprometeria o desenvolvimento do país”.

Autor do projeto que concedeu o título à presidenta, o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), líder do partido na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), lembrou os avanços sociais conquistados durante os mandatos de Lula e Dilma, como o projeto de aumento do salário mínimo acima da inflação, a saída do Brasil do Mapa da Fome, o Bolsa Família, o Pronatec e Fies, Minha Casa Minha Vida, geração de emprego e renda, agricultura familiar, os programas Água para Todos e Luz para Todos e as políticas de reparação para mulheres. Disse ainda que o golpe atual não se dá pelos erros de Dilma, mas pelos acertos. “Estamos vendo o Brasil sendo usurpado por um grupo que quer reduzir o desenvolvimento do povo brasileiro”. Diversos Sindicatos da CUT Bahia, Movimetos Sociais e Populares também marcaram presença no evento.