Crime ambiental: Um espetáculo de horror contra o Nordeste
Publicado: 30 Outubro, 2019 - 22h21 | Última modificação: 30 Outubro, 2019 - 22h35
Escrito por: Assessoria Sindae

O derramamento de petróleo cru no litoral do Nordeste é o maior crime ambiental do país, em extensão territorial, e também um crime permanente e de dimensão incalculável. Sem medo de errar, isso pode ser resumido numa frase curta: um espetáculo de horror. Sim, trata-se de um ato criminoso de consequências ainda não inteiramente dimensionadas e que terá repercussão durante muitos anos, talvez décadas.
Numa sessão da Comissão de Meio Ambiente, da Assembleia Legislativa da Bahia, semana passada, doía nos ouvidos e dilacerava o coração cada pedido de socorro que partia de todos os lados, de pescadores a especialistas, na tentativa de proteger o meio ambiente. Os doutores do mar, digamos assim, sabem bem a brutalidade do ataque para a vida dos peixes, mariscos, dos corais, dos estuários e dos manguezais nesse enorme litoral nordestino.
Em tom de guerra, essa brava gente protestou contra a omissão e inoperância do governo federal. Até ali não se sabia quem despejou o petróleo no mar, qual a quantidade e como evitar mais danos. Mas o pescador José Alves gritou em alto e bom som: "se isso fosse no sul já tinha descoberto tudo". Atirou na direção certa: o crime prova os lamentáveis preconceito e ódio do governo Bolsonaro contra a região. Demorou para agir, de acionar os mecanismos de contenção - e segue assim. A grande imprensa sulista vai na mesma toada e até o momento não foi digna de retratar esse crime ambiental em toda sua dimensão.
Que dimensão é essa? O professor da Universidade Federal da Bahia, Miguel Acioly, deu a pista: “se o petróleo que chega à praia já assusta, muito pior é o dano que provoca no ecossistema profundo”. Também é dele o alerta: "o óleo que entrar no mangue vai demorar anos pra ser depurado". Outro detalhe: todos os berçários de espécimes marítimas estão ameaçados.
Especialistas não recomendam o consumo de pescado onde tem registro de petróleo no litoral. Temos então que pescadores e marisqueiras não comem, não vendem. Como viver? São cerca de 150 mil pessoas nessa atividade no Nordeste. Claro, isso também afeta restaurantes e o turismo, pois dá medo entrar no mar e se deparar com mantas de petróleo sabendo que pode contrair doenças.
Por fim, um registro muito importante: 20 pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da Universidade Federal da Bahia emitiram nota pedindo ao governo a imediata decretação de Estado de Emergência em Saúde no Nordeste.
Lembram que o petróleo tem produtos altamente tóxicos, como o benzeno, que causa várias doenças, dentre elas o câncer. A contaminação pode se dar de diferentes formas - daí a necessidade da medida para evitar que provoque um grave estrago na saúde da população.
*Com a colaboração da Secretaria Estadual de Meio Ambiente da CUT/BA