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Artigo

Dary Beck Filho

Publicado: 29 Novembro, 2007 - 00h00

Membro da executiva nacional da Central nica dos Trabalhadores (CUT) e da coordenao do Instituto Nacional de Sade do Trabalho (INST), o lder petroleiro gacho Dary Beck Filho afirma, em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho, a importncia da mobilizao da militncia nesta reta final at a realizao da 4 Marcha da Classe Trabalhadora, dia 5 de dezembro em Braslia.


De que forma a 4 Marcha dialoga com a questo da defesa da sade do trabalhador?


As bandeiras unitrias da 4 Marcha so a reduo da jornada de trabalho, mais e melhores empregos e o fortalecimento da seguridade social e das polticas pblicas. Todas eles dialogam diretamente com a questo da sade do trabalhador. A reduo da jornada diminui o impacto do tempo em que o trabalhador exposto a condies que afetam sua sade, melhores empregos dialogam com a melhoria das condies de vida e trabalho, pautando o debate sobre a qualidade do ambiente e a defesa da Seguridade a mais bvia, porque inclui o SUS, a Rede Nacional de Assistncia e Sade do Trabalhador (Renast) e os Centros de Referncia em Sade do Trabalhador (Cerest). Coloca em foco tambm o debate dos segurados, dos que tm direitos aposentadoria por incapacidade, por acidentes do trabalho.


E o fator previdencirio?


O fator previdencirio um mecanismo perverso, criado para dificultar o acesso dos trabalhador ao direito aposentadoria. cruel porque afeta aquele trabalhador que comeou mais cedo, filhos de outros trabalhadores e trabalhadoras, enquanto quem comeou a trabalhar com 25 ou 26 anos menos penalizado. Defendemos o fim do fator previdencirio porque ele parte de uma lgica fiscalista, de quem v a Previdncia como uma seguradora privada e despreza a sua importncia social. A CUT demonstrou, atravs de estudos, que o chamado dficit uma mentira.


Durante a marcha est previsto um ato em frente ao Ministrio da Previdncia...


O objetivo dar visibilidade para a bandeira da Seguridade. Ontem (tera-feira), a CUT comandou atos em vrios Estados do Brasil defendendo a construo de uma Conferncia Nacional da Previdncia Social, com o objetivo de levar para dentro do INSS a participao da sociedade organizada. Queremos construir uma estrutura como a Sade tem, com Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais para gerir e orientar a poltica de funcionamento do INSS, que hoje est muito distante, sem dilogo com a sociedade. Muitos dos problemas que estamos tendo com as percias mdicas, por exemplo, seriam resolvidos com maior participao, com controle social sobre a Previdncia.


A realizao da Conferncia seria realmente fundamental...


Por determinao constitucional, o Sistema de Seguridade abarca hoje Sade, Assistncia e Previdncia. Agora precisamos aprofundar o dilogo sobre as formas de sua valorizao. O nico item que ainda no houve conferncia nacional para debater eixos foi a Previdncia, j que a Assistncia e a Sade j realizaram.


E a valorizao dos servios e dos servidores pblicos?


A Seguridade Social um direito do cidado, por isso tem que ser prestado um servio pblico de qualidade, que precisa ser valorizado, assim como os seus profissionais, pois afinal so os que o garantem. J no setor privado, a lgica no a do direito, mas do lucro mximo. Dentro desta compreenso, tambm lutamos contra as fundaes estatais de direito privado. Esta uma posio da CUT referendada pela 13 Conferncia Nacional de Sade, onde os delegados votaram maciamente contra este instrumento. Veja bem, 90% dos delegados se posicionaram contra, no eram s os trabalhadores ou sindicalistas, mas uma imensa maioria da sociedade organizada que refutou a lgica privatizante, defendendo que se encontre outro instrumento para melhorar a gesto pblica.