Escrito por: Sindipetro-Bahia
Petroleiros da Bahia decidem pela suspensão da greve, mas permanecem mobilizados, em estado de alerta
Os petroleiros da Bahia, em assembleia que aconteceu no Clube 2004, na tarde dessa quinta-feira (20), seguindo o indicativo da FUP, decidiram, após 20 dias, pela suspensão provisória da greve da categoria, a maior desde 1995.
Na assembleia, houve informes sobre o quadro nacional da greve e sobre as questões jurídicas relacionadas ao movimento paredista, que já estão em andamento. Após debate e votação pela suspensão da greve, a categoria deixou claro que está disposta a retomar o movimento caso não haja avanço na reunião de negociação convocada pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, que vai acontecer na próxima sexta-feira (21) e que contará também com a presença de membros do Ministério Público do Trabalho.
A Comissão Permanente de Negociação da FUP espera que, nessa reunião, haja propostas concretas que atendam às reivindicações da categoria, caso contrário, o Conselho Deliberativo da FUP avaliará a retomada do movimento paredista.
A categoria petroleira, assim como a FUP e seus sindicatos filiados, saíram fortalecidos desse grande movimento paredista, que começou tímido e ganhou força e visibilidade a medida que os dias foram passando.
A cada dia era uma nova adesão, nas plataformas marítimas, refinarias, terminais de gasoduto, terminais marítimos, campos terrestres e usinas de biodiesel. Foi como uma onda que aos poucos foi se formando, alcançando um grande volume ao final dos 20 dias de greve.
A mídia tradicional ignorou a greve dos petroleiros, que utilizaram as redes sociais, ganharam apoios e simpatizantes, dando visibilidade ao movimento.
“A greve teve vitórias, pois conseguimos abrir um canal de negociação e suspender as demissões em massa na FAFEN Araucária e também as 144 que já haviam sido efetivadas”, avalia o diretor da FUP e membro da Comissão Permanente de Negociação da Federação, Deyvid Bacelar, que permaneceu em uma sala na sede da Petrobras no Rio de Janeiro desde o dia 31/01 até o final da greve, juntamente com outros companheiros, mantendo aberto um canal de negociação, ignorado pela gestão da estatal.
Deyvid, que também é diretor do Sindipetro Bahia, cita ainda outras importantes realizações que fortaleceram o movimento: “a ocupação de 30 dias em Araucária, a vigília em frente ao prédio, os atos e manifestações de apoio e solidariedade que aconteceram em todo o país, como a marcha histórica da terça-feira (19) no centro do Rio”, acrescenta.
Bahia
Na Bahia, a greve foi de resistência e a gerência não conseguiu, plenamente, colocar seu plano de pressionar e assediar os grevistas para que voltassem ao trabalho. Aqui tivemos o bom exemplo de muitos trabalhadores recém aposentados que, chamados pela estatal, se recusaram a voltar ao trabalho para assumir os postos dos colegas que participavam da greve. A Petrobrás ofereceu três mil reais por dia e eles disseram não.
Também estão de parabéns os trabalhadores da ativa da RLAM, PBIO, Temadre, UO-BA (Taquipe, Miranga, Santiago, Bálsamo, Candeias, Araças e Buracica), Terminal de Camaçari,Terminal de Candeias e Terminal de Catu.
“Os petroleiros e petroleiras estão de parabéns pela coragem, força e resistência que demonstraram nesses 20 dias de greve. Se eu pudesse apertaria as mãos de cada uma dessas pessoas para agradecer a confiança depositada no Sindipetro e na FUP. Sabemos que não foi fácil resistir ao assédio e a pressão das gerências, principalmente na atual conjuntura em que temos no poder um governo de extrema direita, mas, fico feliz em ver que a categoria petroleira já percebeu que a única forma de garantir os empregos e os direitos é através da luta”, declarou o Coordenador Geral do Sindipetro Bahia, Jairo Batista, que lamentou apenas a atitude de alguns “pelegos” que furaram a greve para agradar aos gerentes e encher o bolso de dinheiro com horas extras, colocando em risco o futuro da categoria. “Esses terão de enfrentar o desprezo dos colegas”.
A greve também recebeu o apoio de diversos parlamentares que fizeram um ato na Assembleia Legislativa da Bahia para falar sobre a importância do movimento paredista dos petroleiros, que foi descrito como “um raio de esperança na atual conjuntura”. Eles também participaram de mobilização realizada pelo Sindipetro Bahia.
“Apesar da pouca disposição da mídia em cobrir a greve dos petroleiros, conseguimos pautar também uma questão importante que é o prejuízo causado pela atual política de preços da Petrobrás”, ressalta o diretor de comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, lembrando que o Sindipetro Bahia subsidiou o preço do botijão de gás de cozinha, que foi vendido em Alagoinhas por R$50,00 e o preço do litro da gasolina, comercializado em Salvador por R$ 3,50.
Para Radiovaldo a política de preços da Petrobras, o descumprimento da cláusula 26 do ACT, a demissão em massa de trabalhadores próprios e terceirizados (motivos que levaram à greve) estão ligados, pois fazem parte do plano de desmonte da estatal, sua futura privatização e consequentemente a perda de direitos e empregos da categoria. “Com essa greve demos um recado claro à direção da Petrobras: nosso nome é resistência e vamos continuar lutando por nossos direitos e em defesa dessa grande empresa que ajudamos a construir”.
Fonte – Sindipetro Bahia