Escrito por: Fernanda Matos
em defesa da democracia
Há dois anos, o Brasil assistiu estarrecido aos ataques que abalaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. No dia 8 de janeiro de 2023, o patrimônio público foi vandalizado, símbolos da nossa democracia foram profanados, e um projeto muito maior e mais danoso foi colocado em marcha: o de ferir os alicerces do estado democrático de direito.
Desde então, o Supremo Tribunal Federal tem cumprido seu papel, condenando 371 réus envolvidos nos atos golpistas, enquanto outros cinco foram absolvidos. Apesar disso, ainda restam 552 processos em tramitação. A justiça avança, mas a luta pela democracia está longe de terminar.
Os ataques do 8 de janeiro não se limitaram ao estrago físico nas estruturas do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF. Eles persistem de forma silenciosa e devastadora: nas políticas que negam direitos básicos à população, nos discursos de ódio que se alastram nas redes sociais, e nas manobras que buscam minar as instituições democráticas.
Violentar a democracia é também ignorar os milhões de brasileiros que vivem sem acesso à água potável, educação e saúde. É abandonar pessoas em situação de vulnerabilidade extrema, permitindo que morram de fome, de doenças evitáveis e de falta de assistência. Esses ataques diários, embora menos visíveis, são tão graves quanto os de 8 de janeiro.
Por isso, é imprescindível que não haja anistia. A democracia brasileira precisa ser protegida com rigor e responsabilidade. Aqueles que tentaram destruí-la, direta ou indiretamente, devem ser responsabilizados.
Hoje, dois anos depois, a CUT Bahia reafirma seu compromisso com a democracia, com a justiça social e com a construção de um país onde o poder do povo prevaleça. Por isso, cobra para que a justiça seja feita, para que não haja espaço para a impunidade, e espaço para retrocessos. É na memória das lutas e na vigilância constante que fortalecemos nosso futuro democrático.