Escrito por: Orlando Pereira dos santos

Bahia realiza etapa da II Conferencia Nacional do Trabalho.

Delegação da CUT BA participa em peso da Conferência estadual do Trabalho.

editorial
delegação da cut na conferencia do trabalho

 A Central Unica dos Trabalhadores, CUT BA participou com toda sua delegação  da etapa estadual da I I Conferência Nacional do Trabalho.
realizada na ultima sexta-feira 28/11. O evento foi realizado no Hotel Fiesta em Salvador, e foi organizado pelo governo do estado de forma tripartite envolvendo o setor patronal, entidades sindicais representando os trabalhadores, poder publico através dos governos municipais, Estadual e Federal , e por órgãos de regulação e controle das relações do trabalho como Ministério publico do trabalho(MPT), Auditoria Fiscal do Trabalho(AFT), Superintendência Regional do Trabalho(SRT), observadores da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e convidados.
O evento teve inicio as 08:h da manha com o credenciamento dos delegados inscritos previamente para a conferência ,em seguida foi estabelecida uma mesa com representantes das partes e órgãos já citado acima onde cada um pode expor sua fala à respeito do atual cenário do mundo do trabalho no Brasil e no mundo. Em seguida foi lido o documento regimental da conferencia e passada as instruções dos trabalhos que foram divididos em 4(quatro) grupos para elaboração das propostas. A conferência teve um breve intervalo para o almoço, retornando os trabalhos no inicio da tarde, onde os delegados se reuniram em seus respectivos grupos que após muita discussão e debates, retornaram ao plenário para defesa e votação das propostas elaboradas.
O processo de eleição das propostas ocorreu da seguinte forma:
Por unanimidade quando as três partes concordaram sem divergência;
Por maioria de votos, quando contabilizado numero de votos acima de 97;
e por minoria, quando o quantitativo de votos foi menor que 97.
As propostas eleitas na conferencia Estadual serão juntadas a outras propostas enviadas pelos demais estados para serem discutidas na conferencia nacional que irá ocorrer de 03 a 05 de março de 2026 em São Paulo.
As principais centrais sindicais da Bahia foram representadas pelos seus respectivos presidentes:
Maria Madalena Firmo Central - Única dos trabalhadores - CUT
Rosa Souza- Central dos Trabalhadores do Brasil l-CTB
Emerso Gomes – Força Sindical
Marcelo Carvalho União geral dos trabalhadores – UGT
José Ramos - Nova Central Sindical dos trabalhadores – NCST

Para o secretario da qualidade nas relações do Trabalho do Ministério do Trabalho, Magno Lavigne, as etapas estaduais da conferencia mostra o compromisso do Presidente lula de envolver todas as partes envolvidas na relação de trabalho de forma tripartite ,ode todos possam ouvir e serem ouvidos ,segundo o secretario, apenas dessa forma democrática é possível superar todas as dificuldades e conflitos nas relações de trabalho no Brasil, o secretario destacou ainda que a ultima conferência aconteceu a 13 anos atrás e por isso faz necessário a realização desta conferencia ,já que o mundo do trabalho se inova com muita velocidade e as legislações e normas que rege esta relação precisam ser atualizadas.
O secretario do Trabalho emprego , renda e esporte da Bahia, Augusto Vasconcelos
afirma que o ministério do trabalho voltou com muita força no governo Lula para garantir não só os direitos conquistado pela classe trabalhadora, mas para avançar no dialogo entre patrões e empregados sobre a necessidade de buscar soluções para velhos e novos problemas que são conflitante nas relação de trabalho como por exemplo a redução da jornada de trabalho sem redução de salario que neste momento urge no congresso nacional através da pauta pelo fim da escala 6x1. Para Augusto o Brasil volta a produzir a gerar emprego, mas estes empregos precisam ser empregos descentes que respeitem a legislação trabalhista e as normas regulamentadoras que garante a saúde e segurança dos trabalhadores.
Para a presidenta da CUT Leninha, esta conferência acontece em um momento importante que vem acontecendo no país que é a recuperação de direitos e de dignidade da classe trabalhadora decorrente das politicas fiscais e econômicas do governo Lula como por exemplo a isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais, o retorno da geração de emprego de carteira assinada que tinha sido quase extinto no governo passado.
Leninha reforça ainda que a conferencia ocorre de forma tripartite e democrática, onde, governo, patrões e empregados, buscam encontrar uma solução para as questões de conflitos existentes, e que só com um profundo debate envolvendo as três partes desta relação de trabalho, será capaz de enfrentar os desafios que já existem e ainda irão surgir no mundo do trabalho tais como a transição das cadeias produtivas como o meio de produção plataformizado que tem crescido de forma rápida impulsionado pela inovação tecnológica como a inteligência artificial- AI ,e carece de regulamentação por parte do estado para proteger os trabalhadores garantindo um trabalho descente e com remuneração justa.

Propostas da Bancada dos Trabalhadores

Subtema 1: Relações do Trabalho, Negociação Coletiva e Segurança Jurídica
Proposta
Criar e manter um ambiente institucional que valorize a negociação coletiva, com leis que a incentivem e assegurem sua efetividade, retomando a ultratividade dos acordos e convenções coletivas, garantindo a implementação da Lei de Igualdade Salarial e Condições de Trabalho (Lei 14.661/2023), fortalecendo as entidades sindicais representativas capazes de exercer plenamente seu papel de defesa dos/as trabalhadores/as, com a prevalência da negociação coletiva sobre a individual, com a garantia do direito ao financiamento sindical, por meio da contribuição assistencial ou negocial, definida democraticamente em assembleia pelos/as trabalhadores/as e incorporada aos acordos e convenções coletivas e a extensão do direito à negociação coletiva no setor público com a aprovação de legislação que regulamente esse direito para os/as servidores/as públicos/as da União, estados e municípios, nos três poderes (legislativo, executivo e judiciário).
Justificativa
As mudanças legislativas recentes restringiram a autonomia e a efetividade da negociação coletiva e enfraqueceram a estrutura sindical brasileira, agravando a posição de hipossuficiência da classe trabalhadora e de desvantagem do empregado em relação ao empregador nas relações de trabalho. A representação sindical e a negociação coletiva são instrumentos essenciais da democracia e da justiça social no mundo do trabalho, capazes de reduzir a assimetria de poder nas relações laborais e de materializar o resultado do diálogo entre capital e trabalho. Diante desse cenário, é imperativo reconstruir um ambiente institucional que garanta um sistema de relações de trabalho mais democrático e alinhado às normas internacionais da OIT, especialmente as Convenções nº 98 e nº 151, às quais o Brasil é signatário.

Subtema 2: Mercado e Futuro do Trabalho - Intermediação, Qualificação
Profissional e Competências
Proposta
Organizar, manter e aprimorar permanentemente um sistema de formação profissional continuada, articulando as diversas instituições, com uma estratégia nacional presente em níveis locais, setoriais e regionais, integrando a prospecção de demandas, articulação da oferta, desenvolvimento metodológico e atualização de conteúdos, garantindo coerência entre políticas de formação, transformações do mundo do trabalho e política de cuidados, garantindo acesso amplo e com prioridade para jovens, mulheres, pessoas com deficiência, população LGBTQIAPN+ e trabalhadores/as informais (trabalhadores/as autônomos/as), contemplando também as micro e pequenas empresas na promoção da inclusão produtiva e formalização dos vínculos, fomentando uma política nacional de formação profissional continuada dedicada a favorecer a criação de empregos/ocupações que surgem diante da emergência climática e das transformações tecnológicas e como alternativa para os empregos destruídos nessas transições.

Justificativa
O mercado de trabalho brasileiro passa por rápidas transformações impulsionadas pela tecnologia, pela digitalização dos processos produtivos e pelo surgimento de novas ocupações. No entanto, observa-se um descasamento entre a qualificação oferecida e as demandas do setor produtivo.
A criação de um sistema nacional estratégico e integrado de formação continuada permitirá alinhar a oferta de cursos técnicos e tecnológicos às demandas regionais, com prioridade para os grupos mais excluídos do mercado formal de trabalho, garantindo igualdade à formação.
Dessa forma, a proposta contribui para o fortalecimento das políticas públicas de trabalho e renda, promove a inclusão produtiva, amplia as oportunidades para os/as jovens e assegura maior eficiência no preenchimento das vagas de trabalho, reduzindo o descompasso entre oferta e demanda de qualificações no país.

Subtema 3: Políticas Públicas de Emprego, Trabalho e Renda e os Fundos que as Financiam
Proposta
Fortalecer o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) como coordenador do Sistema Público de Trabalho, Emprego e Renda (SPTER), assegurando oferta de formação profissional, manutenção da intermediação pública de mão de obra, sistema de seguro-desemprego mais inclusivo e flexível, adaptado às novas formas de trabalho e para todos/as os/as trabalhadores/as, combate aos acidentes/doenças ocupacionais, combate à violência de gênero/ assédio (C190/OIT), fortalecimento à fiscalização do trabalho para o enfrentamento às fraudes trabalhistas e previdenciárias, ao trabalho infantil e ao trabalho análogo à escravidão, garantindo a realização periódica de concursos públicos e fomentando a participação, o controle social e o fortalecimento do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT - como financiador de políticas públicas de emprego, trabalho e renda e de lastro para o BNDES, eliminando as transferências para o financiamento da previdência social.
Justificativa
O fortalecimento do Sistema Público de Trabalho, Emprego e Renda (SPTER) é fundamental para assegurar um mercado de trabalho mais justo e regulado, tanto para empregadores/as quanto para trabalhadores/as, financiado pelo principal fundo – FAT – e fortalecido institucionalmente com realização de concursos públicos.
Pois, considerando a capacidade de coordenação integrativa com diversas entidades, favorece a adaptação da formação profissional para atender às demandas do mercado de forma inclusiva. Oferecendo suporte financeiro para trabalhadores/as mais vulneráveis e afetados/as pelas mudanças estruturais no mercado de trabalho, além de promover proteção social e empregabilidade.
Garantindo, por meio da fiscalização, o cumprimento das leis trabalhistas, que reduzem as condições degradantes de trabalho, acidentes e doenças ocupacionais, combate à informalidade, reduzindo os gastos públicos e promovendo um ambiente mais justo.

Subtema 4: Proteção e Inclusão Produtiva - Emprego, Desemprego, Empregabilidade e Inovações Tecnológicas
Proposta
Estabelecer a Política Nacional de Inclusão Produtiva como um eixo estruturante das políticas de proteção social, considerando a economia solidária e popular e o cooperativismo como alternativas de trabalho decente, oferecendo apoio técnico, financeiro e institucional articulando-a com as ações de transferência de renda, seguridade social e demais políticas de cidadania, garantindo autonomia econômica, superação da pobreza e redução das desigualdades e a reformulação do sistema de seguridade social para contemplar todos/as os/as trabalhadores/as, garantindo proteção trabalhista e previdenciária efetiva, sustentabilidade financeira e social de longo prazo, reafirmando o compromisso intergeracional de manter direitos sociais consistentes e confiáveis e atualizar as políticas de saúde e segurança no trabalho para garantir a proteção necessária à classe trabalhadora, diante das transformações tecnológicas relacionadas às transições climática e demográfica e às doenças ocupacionais.
Justificativa
A atual estrutura sindical brasileira é insuficiente para responder aos desafios que estão sendo colocados com novas formas de emprego: a “uberização” do trabalho, a informalidade, a “pejotização”, reduzem a capacidade de custeio dos direitos sociais e expõem os/as trabalhadores/as a um ambiente mais competitivo e mais precário, sem proteção social e representação sindical. É importante formular políticas voltadas não apenas para o crescimento da economia, mas, principalmente, para a geração de empregos de melhor qualidade.
As estratégias de sobrevivência dos/as trabalhadores/as muitas vezes se confundem com iniciativas de empreendedorismo. Por sua vez, pequenos/as empreendedores/as e trabalhadores/as da economia solidária, têm pouco acesso a políticas públicas que contribuam para o fomento de suas atividades. Portanto, é necessária a revisão do modelo de desenvolvimento, reafirmando a necessidade de um projeto nacional que garanta direitos e promova justiça social.